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Mais Beja

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Autárquicas 2025: Análise aos cinco candidatos

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INFORMO QUE NÃO CONHEÇO PESSOALMENTE NENHUM DOS CANDIDATOS, NEM PERTENÇO A NENHUM PARTIDO OU CANDIDATURA, SENDO A MINHA AVALIAÇÃO LIVRE E SEM INTERESSES, A NÃO SER PENSAR E REFLETIR SOBRE A MINHA CIDADE, FAZENDO UMA AVALIAÇÃO JUSTA, QUE, COMO TUDO, PODE CONTER ERROS.

 

PARTIDO SOCIALISTA (PS) - Ver os textos que escrevi: "8 anos de Paulo Arsénio: Análise" e "Balanço do executivo da Câmara de Beja no período 2021-2025: O que foi cumprido?"

 

BEJA CONSEGUE (PSD, CDS-PP e INICIATIVA LIBERAL) - O programa eleitoral, foi muito bem elaborado, revelando competência, estudo, auscultação da sociedade e foco nas principais virtudes do concelho. Não vale a pena querer uma fábrica de pilhas para Beja, quando todo o mundo compra pilhas à China, porque produz melhor, mais rápido e barato que o resto do mundo.

O motor de desenvolvimento social, económico e humano para a nossa região é a qualidade de vida, saúde, acessibilidades, agroindústria, turismo e o desenvolvimento da indústria aeronáutica através do aeroporto de Beja, e o programa eleitoral foca-se nestas áreas. Ao contrário do atual executivo, que apresentou ideias soltas, sem fio condutor ou aposta em pontos fulcrais, o Beja Consegue, faz o que é correto.

Na agricultura, alvo de críticas durante a campanha autárquica, não dá para pensar pequeno e querer micro explorações agrícolas. O mercado é global, como tal, é preciso escala, dimensão e profissionalismo para ser forte economicamente. Espanha, produz inúmeros produtos na agroindústria, que exporta para todo o mundo. No azeite, Espanha produz 10x mais que Portugal. Portanto, quando nós pensamos que temos olivais a mais, é um absurdo, quando comparamos com o nosso vizinho.

Uma medida que por mais positiva que seja, que é a promessa de devolução de 5% do IRS que cabe às autarquias, suscita-me de imediato a questão: como vai o Beja Consegue colmatar a diminuição perda dessa receita? Em 2024, a receita do município em IRS foi de quase 2.4 milhões de euros. Como ficarão os serviços públicos municipais? Os investimentos que propõem? Conseguirão aumentar a receita por outra via? Diminuem as despesas (que não me parece)? Contraem dívida? Fica a dúvida, ainda mais quando a cidade precisa urgentemente de investimento, melhoria dos serviços municipais, acessos rodoviários e outras obras públicas.

O programa do Beja Consegue é vasto, completo e muito ambicioso. Todos os bejenses deveriam ler os programas eleitorais dos partidos, mas este, em especial, é mais profundo e amplo. Se há algo que não pode ser menosprezado, é a visão e estratégia que a equipa do Beja Consegue teve em criar algo capaz de transformar, inovar e fazer crescer a cidade, com forte impacto local e regional. Diria que é um documento que pode ficar para as próximas décadas.

Uma frase-chave lançada pelo candidato, é o facto de Beja contribuir mais para o PIB nacional, do que o país contribui para Beja. Ou seja, Beja dá mais do que aquilo que recebe, e este facto tem de mudar. Beja merece mais, como tal, é preciso lutar, exigir e protestar por esse mais, e neste ponto só vejo um candidato capaz: Nuno Palma Ferro.

Um ponto forte e raro em política, visível durante a campanha, é a vontade do candidato Nuno Palma Ferro de querer o mudar e melhorar Beja, unindo tudo e todos. Ao contrário dos outros candidatos, que apresentam estratégias individualistas e de “sozinhos” conseguimos, o Beja Consegue pensa de forma oposta, não para dia 12 de outubro, que nesse dia o voto é único e individual, mas para o dia seguinte. Trabalhar todos juntos, porque todos juntos, somos mais fortes.

 

 

PCP (travestido de CDU) - A primeira obsevação ao discurso e caras que apresentou durante a campanha é: Onde está a mudança? O rejuvenescimento? Apostar em quem vive ou trabalha no concelho? Por exemplo, para a freguesia de São Matias, apresenta uma candidata com 77 anos, que nem vive no distrito de Beja! Viveu cá há 57 anos! É, no mínimo, absurdo.

O candidato do PCP, em todo o seu discurso e intervenções nos vários debates, apenas refere banalidades e generalidades, não tendo nenhuma especificidade. É um vazio. O mesmo aconteceu, nos últimos 4 anos, enquanto vereador na oposição. É impossível saber a visão e estratégia do PCP para a cidade.

Deixo algumas frases do “Compromisso Eleitoral”, que é o seu programa eleitoral, só acessível em formato papel, colocado nas caixas de correio dos moradores. Logo aqui, há uma falha uma vez que não existe outra forma de aceder ao programa eleitoral. Alguns exemplos:

- “Reforçar o movimento associativo social, cultura e desportivo”. Como? Que ideias têm? Orçamento? Quais as necessidades das associações do concelho? Nada de informação.

- “Apoiar as escolas de todos os níveis de ensino”. Como? Que ideias têm? Orçamento? Quais as necessidades das escolas? Nada de informação.

- “Projetar o Centro Histórico como factor de desenvolvimento”. Isto é o quê? Que pretende o partido? Qual o projeto pensado? Que investimentos são prioritários? Zero de informação.

- “Aumentar o apoio financeiro ao movimento associativo e aos Bombeiros”. Como? Orçamento? Nada de informação. Além disso, os Bombeiros de Beja receberam no último ano um montande de 316.000€, quando antes era de 90.000€, ou seja, mais do que triplicando o valor. Se aumentar a transferência do município para os Bombeiros, a Câmara Municipal terá condições para outras obras e investimentos estruturantes?

- “Criar o Parque Fluvial do Guadiana em articulação com a construção da Ecopista Ciclável”. Ora bem, Beja já tem um parque fluvial, de seu nome Cinco Reis, uma fantástica infraestrutura, muito bem conseguida e que atrai milhares de pessoas todos os anos, sendo o seu único problema a ausência de uma estrada digna até lá. Portanto, é absurdo criar um novo parque fluvial quando o primeiro responde às necessidades das pessoas, sendo o seu único problema o acesso até lá.

E mais banalidades e generalidades poderia citar aqui, mas passemos à frente.

O projeto apresentado é de total regresso ao passado, com um pensamento pequeno, local e virado para os trabalhadores, repetindo a cartilha nacional do partido ao longo das últimas décadas. Pretendem substituir o Centro de Artes e Arqueologia por um Museu Romano. Ou seja, querem desmantelar alguma modernidade que ocorreu em Beja nos últimos anos, por um Museu Romano, quando deveriam era promover o início das obras do Fórum Romano, que está parada há vários anos!

A prova de que a CDU/PCP não responde às necessidades do concelho, é o facto do slogan “Trabalho, Honestidade, Competência”, ser repetido pela CDU em todas as cidades do pais. Estão lá, em todos os cartazes fixado pelo país.

 

A esquerda portuguesa é o reflexo das mudanças que tem produzido no país nos últimos 20 anos: zero. Uma autêntica nulidade.

 

 

BLOCO DE ESQUERDA (BE) -  A candidata por Beja, não sabe e não conhece a câmara, as freguesias e a cidade. Propõe medidas que já existem e outras que não são exequiveis. Aborda Beja, como se falasse de uma grande cidade como Lisboa. É uma paraquedista que vem apenas ajudar o BE a marcar presença na capital de distrito, mais nada. Vou dar alguns exemplos de propostas do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal de Beja:

- “O subfinanciamento crónico dos Bombeiros de Beja, à escala nacional e reforçado no caso concreto de Beja”. Ora bem, a candidata não saberá, mas eu digo: o financiamento do município de Beja aos bombeiros mais do que triplicou nos últimos anos. Onde está o subfinanciamento?!

Outra proposta, reveladora do completo desconhecimento do concelho: “Saneamento e salubridade em todo o concelho”. Segundo a EMAS, o saneamento no concelho de Beja abrange 100% da população aglomerada e 92% do total. Não abrange a totalidade das habitações, pelo facto de ser inviável em termos financeiros levar saneamento a todos os montes isolados do concelho, que distam a quilómetros das populações. Seria um investimento de muitos milhões, só para ir até uma casa que dista a dezenas de quilómetros de uma conduta de água. E  há mais, como escrevi AQUI.

 

A extrema-esquerda que gosta de ser a séria na sala, em Beja, apresenta no seu conjunto as propostas mais estapafúrdias do que qualquer outra candidato, revelando não apenas desconhecimento, mas viver um mundo que não existe.

 

 

CHEGA - O candidato à Câmara Municipal pelo partido anti-sistema e de extema-direita, David Catita, é bem falante, apresenta uma boa imagem e um discurso moderado, não abordando ou criticando temas apaixonantes de André Ventura, como os ciganos, corrupção e quem recebe o RSI. Não sei se foi estratégia do candidato ou convicção política, apesar do partido que elegeu ser militante. Começou a campanha abordando problemas simples mas sem resolução na cidade, como o lixo, limpeza urbana, buracos nas estradas, manutenção dos espaços públicos, gestão do arvoredo ou passadeiras sem pintura. Nestes pontos, foi eficaz na campanha uma vez que tinha terreno fértil para tal, uma vez, que um dos grandes falhanços do atual executivo da Câmara Municipal é a manutenção dos espaços públicos, desde os espaços verdes, bancos públicos, buracos nas ruas, etc. Excepção, para as pinturas dos edifícios municipais, única obra pública de manutenção do espaço público executado em Beja nos últimos 4 anos.

Esgotado esses temas, começou a lançar outras ideias, talvez no sentido de chamar à atenção. Essas ideias, estapafúrdias e lunáticas, podem ser valiosas aos ouvidos dos eleitores, mas impossíveis de concretizar. Passo a explicar:

- Novo centro de saúde? Para quê, se os dois que há na cidade não têm médicos em número suficiente para população? E saberá o candidato que nos postos médicos das freguesias, também não há médicos em número suficiente. Além disso, a Câmara apenas poderia construir o edifício, sendo a gestão, contratação de profissionais e funcionamento da resposansabiliadde da ULSBA (Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo, EPE) / SNS (Serviço Nacional de Saúde). E o mesmo, teria várias especialidades médicas? Como faria isso? Se os hospitais de todo o SNS não conseguem atrair médicos de várias especialidades, David Catita e Beja iriam conseguir? O Hospital José Joaquim Fernandes (Beja), que recebe os doentes do distrito tem enormes carências em todos as especialidades médicas, seria o centro de saúde de uma freguesia da cidade que iria? Aqui, repetindo a cartilha do Grande líder, é puro populismo para enganar quem se deixa enganar.

- Viaduto no final da Rua de São Sebastião, ligando ao parque de materiais da Câmara Municipal? Para quê? Qual o custo? Nada mais existe na zona norte do IP8, a não ser 3 ou 4 empresas agrícolas e o parques de materiais da Câmara Municipal de Beja.

- Refere de forma repetida a construção de um estação multimodal, capaz de juntar no mesmo espaço paragem de autocarros e comboios, num novo local. Pensará ele que Beja é uma grande metrópole que recebe dezenas de milhares de pessoas por dia em transportes públicos? Para se ter uma noção o Terminal Intermodal de Campanhã, no Porto, teve um custo superior a 13 milhões de euros. Como Beja, conseguiria a nível nacional, tal orçamento, quando não possui outras infraestruturas imprescindíveis e estruturantes como eletrificação da linha de comboio, autoestrada, acesso rápido até Espanha ou hospital capaz de dar resposta à população?

- Desvio da linha de comboio que atravessa a cidade, para fora desta. Outra obra, que mesmo sendo muito positiva, não é exequível na dimensão e custo. Sejemos racionais: Beja não tem comboio de qualidade e seguro, não tem autoestrada, não tem um SNS capaz de dar resposta à população, e o Governo central iria agora retirar uma linha de comboio que atravessa uma cidade, num investimento de largas dezenas de milhões de euros?!

- Criar um centro comercial no atual espaço do antigo estádio Flávio dos Santos: alguém que diga e demonstre ao candidato que os municípios não constroem centros comerciais. Além disso, o terreno do atual estádio Flávio dos Santos, só permite a edificação de estruturas associados ao futebol. Não pode ter outra função, construção ou utilidade. A menos que se queira ir contra a lei.

E, com tantas propostas, onde está o programa eleitoral? Custo das propostas? Tempo de execução? Nada disso foi descrito ou explicado, havendo apenas uns vídeos de alguns segundos nas redes sociais, como se fosse um adolescente a fazer uns TikToks na rua.

 

Se o principal candidato tem só isto para apresentar, a restante equipa ainda menos tem. Em momento algum da campanha local do Chega, vi ou ouvi, presencialmente ou nas redes sociais, os candidatos às duas Uniões de Juntas de Freguesia da cidade. Porquê? Não têm ideias para apresentar? Não têm, sequer, um rascunho de programa para a freguesia? Decidiram apenas dar o nome e cara, para marcar presença nos boletins de voto?

 

A cidade de Beja encheu-se de cartazes com a cara de André Ventura, ficando a dúvida se é ele mesmo, o “Grande líder” e salvador de um país atolado em corrupção, criminosos, e imigrantes (ironia), o candidato à cidade de Beja? Ou é David Catita?

Fica a prova que o partido não é democrático, mas sim unipessoal e que ele não quer ser Presidente da República ou Primeiro-Ministro, mas sim "Rei" com poder absoluto em cada pedaço do país, porque está em todos os cartazes de cada concelho e freguesia de Portugal.

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