Manutenção dos espaços verdes em Beja

FOTO: MAIS BEJA. PARQUE DA CIDADE JOSÉ MANUEL CARREIRA MARQUES
Os parques, jardins e espaços zonas verdes das cidades são espaços públicos com características e funções próprias, essenciais para a qualidade de vida das populações. A sua manutenção e valorização são da responsabilidade da Câmara Municipal, que tem o dever de assegurar que estes locais se mantenham cuidados, acessíveis e agradáveis.
Contudo, um dos problemas mais apontados pelos bejenses prende-se precisamente com a fraca manutenção e limpeza destes espaços. Em diversos pontos da cidade, como o Parque da Cidade José Manuel Carreira Marques, Jardim da Mouraria, Jardim das Alcaçarias, Jardim da Rampa, Mata dos Alemães e outros pequenos recantos verdes da cidade, é visível o abandono e a degradação. Estes espaço apresentam arbustos secos, lagos sem água ou com lodo, ausência de placas identificativas, bancos públicos partidos, lixo acumulado, grafites, dejetos caninos, falta de papeleiras e espaços relvados insuficientes para jogar, brincar ou relaxar.
A situação estende-se também aos parques infantis, que se apresentam envelhecidos, sujos e perigosos para as crianças. O Parque da Cidade, por exemplo, precisa urgentemente de uma intervenção profunda, com a renovação de todos os equipamentos e uma requalificação que traga vitalidade, novidade e segurança a este espaço central da vida urbana.

FOTO: MAIS BEJA. LAGO DO JARDIM PÚBLICO DE BEJA
Nas redes sociais, é frequente encontrar publicações de utilizadores que denunciam o estado de abandono e falhas graves, como a falta de iluminação, vandalismo, lixo e equipamentos danificados, sem que haja uma resposta rápida e eficaz dos serviços municipais.
Durante a última campanha eleitoral autárquica, o tema da manutenção dos espaços verdes voltou a ser amplamente debatido. O futuro ex-presidente da Câmara, Paulo Arsénio, tentou minimizar as críticas, mas as imagens do estado de degradação do Parque da Cidade eram inegáveis. É justo reconhecer, no entanto, que a responsabilidade não recai exclusivamente sobre o executivo político. O município dispõe de vários departamentos técnicos, incluindo a Divisão de Zonas Verdes, composta por engenheiros e profissionais especializados, cuja coordenação e atuação são fundamentais para a gestão eficiente do património natural urbano, que, indiscutivelmente, arranja mais desculpas para não fazer do que para fazer.
O chamado Parque Verde Acessível, entre o Bairro do Pelame e a Quinta Del Rey, representa, infelizmente, um exemplo de má conceção e execução. O local, em vez de um espaço arborizado e convidativo, apresenta-se como um terreno árido e mal cuidado, com escassas árvores e algumas mesas. Tal situação é incompreensível numa cidade como Beja, conhecida pelas temperaturas mais elevadas do país, onde a criação de zonas verdes com sombra deveria ser uma prioridade absoluta.

FOTO: MAIS BEJA. PARQUE VERDE ACESSÍVEL SEM ÁRVORE
A inexistência de reposição de árvores mortas nas caldeiras é outro sinal preocupante e visível em toda a cidade, revelando uma política ambiental inexistente.

FOTO: MAIS BEJA. RUA DE SANTO ANDRÉ
É importante recordar que, no passado, o município demonstrou capacidade de requalificar e modernizar espaços verdes, como o Jardim da Avenida Vasco da Gama, reabilitado em 2013. Este espaço serve de exemplo para todos nós, como é possível melhorar o espaço verde e toda a rua, sem dispender milhões de euros, apesar do seu retorno ser enorme.
A importância dos espaços verdes urbanos:
Os espaços verdes desempenham um papel fundamental nas cidades modernas. Do pequeno canteiro à grande mata urbana, constituem elementos estruturantes do tecido urbano, contribuindo para a sustentabilidade ambiental, a coesão social e a economia local.
Entre os seus principais benefícios, destacam-se:
- Ambientais: reduzem a temperatura urbana, melhoram a qualidade do ar, absorvem dióxido de carbono, aumentam a infiltração de água no solo e promovem a biodiversidade.
- Sociais: oferecem locais de encontro, lazer e prática desportiva, fomentando o bem-estar físico e mental dos cidadãos e fortalecendo o sentido de comunidade.
- Económicos: valorizam o espaço urbano, aumentam a atratividade turística e comercial e reduzem custos com saúde pública, devido à melhoria da qualidade de vida.
Cidades sustentáveis são aquelas que integram a natureza no seu planeamento, reconhecendo que o verde não é um luxo, mas uma necessidade.
Com a entrada em funções do novo executivo municipal a 31 de outubro, liderado por Nuno Palma Ferro (Beja Consegue), renasce a esperança de uma mudança de rumo. Deseja-se que esta equipa consiga concretizar o que ficou por fazer nos últimos anos: requalificar, modernizar e expandir os espaços verdes e de lazer, promover a arborização urbana e devolver aos bejenses uma cidade mais fresca, limpa e acolhedora — uma cidade verdadeiramente viva, moderna, europeia e que orgulhe os bejenses.


