Quando um deputado da Nação pede desculpa ao seu povo

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Recentemente, reacendeu-se o debate sobre a qualidade dos comboios e do serviço prestado na linha ferroviária que liga Beja a Casa Branca e Lisboa. Trata-se de um problema antigo, que há mais de 15 anos se arrasta sem qualquer resolução séria e eficaz. O serviço tem-se vindo a degradar progressivamente, até atingir o atual estado de decadência, inoperacionalidade e total ausência de qualidade.
Agora, é o Partido Socialista, pela voz do deputado Pedro do Carmo e do ex-deputado e atual candidato à Câmara Municipal de Aljustrel, Nelson Brito, que acusa o Governo de nada fazer. A questão que se impõe é: onde estavam durante os oito anos em que o seu partido governou o país? Não foram oito semanas nem oito meses — foram oito anos, o equivalente a 3.051 dias. E o que foi feito em prol da região nesse período? Praticamente nada. Sem os fundos europeus, nem o sistema de regadio existiria, nem as obras de requalificação do IP8 teriam avançado.
Não me vou deter a sublinhar a falta de seriedade, honestidade e credibilidade dos anteriores governos e responsáveis locais, perante as enormes carências do Baixo Alentejo, nunca resolvidas ou mitigadas, com graves consequências humanas, sociais e económicas.
Prefiro, em vez disso, destacar algo raro e valioso na política: a atitude de um deputado — Gonçalo Henrique e Valente (PSD), recentemente eleito — que teve a humildade de pedir desculpa aos cidadãos pelo facto de o Estado não estar a corresponder às suas necessidades e legítimas aspirações, mesmo sem ter culpa direta no problema. Este gesto revela uma consciência clara da realidade, uma postura de responsabilidade e um compromisso genuíno com a procura de soluções.
É importante compreender que, ao contrário de automóveis, comboios e carruagens não existem em stock. A sua aquisição depende de concursos internacionais, processos burocráticos complexos, contratos e produção sob encomenda. A mudança exige tempo, planeamento e vontade política real — algo que, durante muito tempo, simplesmente não existiu.


